sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O MENINO SELVAGEM

A educação da pessoa surda é enfatizada por duas faces distintas, uma que é chamada de modelo clínico e o outro de sócio- antropológico.
O clínico propõe uma terapia para o desenvolvimento da fala e a cura para a surdez e o sócio- antropológico enfatiza a cultura surda, língua de sinais e a comunidade surda.
A história do MENINO SELVAGEM faz-nos pensar na receptividade do tratamento que a criança surda tinha antigamente, ela sem entender nada era tido como um doente mental, um indivíduo que precisava de tratamento psiquiátrico, não tinha direitos como um ouvinte, de tudo era tolido, não tinha vez por acharem que não tinha “voz”.
Como o menino selvagem, o surdo era sinônimo de curiosidade, medo, tidos como pessoas estranhas, sem perspectivas de futuro promissor.
Como Victor, o menino selvagem, não esboçava a menor reação quando eles tentavam chamar-lhe a atenção, foi diagnosticado por antemão como uma criança surda.
Esse tratamento que o menino Victor recebeu foi o mesmo dispensado aos surdos por muito tempo, eles foram rotulados como incapazes por décadas e a meu ver, os incapazes são aqueles que não conseguiram e não conseguem ver a realidade, onde os surdos possuem seus espaços e domínios, passaram trabalho e discriminação, mas conquistaram com sabedoria e persistência essa luta por se fazer entender.
Itard compreende que se trata de uma situação excepcional: um adolescente privado de educação por ter vivido afastado dos indivíduos da sua espécie.
No filme o médico Jean Itard, se propôs a disciplinar e ensinar tudo o que ele achava que o menino era capaz, principalmente falar, ler e ser civilizado. Seus métodos eram de compensar e castigar conforme o resultado final de cada sessão de aula.
Jean Itard usou o modelo clínico que trabalha o desenvolvimento da fala, através de automatismos comportamentais utilizando-se de uma pedagogia fundamentada na observação e experimentação.
O filme nos deixa em dúvida se o menino é surdo, se é assim por causa da falta do convívio com a civilização ou até mesmo autista, mas acredito que de qualquer maneira ele deveria ser bem tratado como um ser humano digno e merecedor do amor e compreensão de todos.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Oi Marinês! Não assisti o filme, mas pelo que contas parece ser bem interessante. Você acredita que a falta de conhecimento sobre determinada questão é o que gera o preconceito?? Abraços