domingo, 18 de novembro de 2007

Músicas Infantis



Fazendo uma parada para análise das músicas infantis, percebo que desde bebê a criança ouve dos pais ou babás músicas que muitas vezes, ao invés de embelezar seu sono e acalmá-la, o torna agressivo.
Tomamos como exemplo a canção "boi da cara preta", a própria letra é uma ameaça horrorosa, de um animal da cor negra que vem para pegar uma linda criança que tem medo até de uma inocente careta.
Analisando uma outra canção " nana neném que a cuca vem pegar", também é uma ameaça, tomando em mãos um ser mais maligno que um boi preto.
Observando outras letras de canções, algo que aprendi nas aulas dessa interdisciplina, tive uma frustrante busca nas canções infantis positivas. Isso deixa-nos com uma estima muito baixa, faz sentir-nos inferiores, ameaçados, passivos, chegando ao ponto para aceitar qualquer tipo de extorção e exploração.
Esse "trauma", pode ser um dos causadores que nos permite receber da mídia essas "porcarias", denominadas músicas.
Podemos analisar também o "atirei o pau no gato", é uma falta de respeito e crueldade com os animais, "eu sou pobre de marré", reafima a desigualdade social, "marcha soldado" desperta a ameaça e o autoritarismo, "a canoa virou" condena quem a virou ao invés de incentivar o trabalho em equipe.
Na música de Adoniran Barbosa "Arnesto", há tanta simplicidade que retrata a vida deles, a rodinha de amigos no bar, os encontros dominicais e as serenatas. Isso é que valoriza uma boa música, que até hoje desperta saudades.

2 comentários:

Nara de Oliveira disse...

Oi Marinês:
Estava lendo tua postagem e também fiquei saudosa, com saudade de uma época menos vulgar, com mais sinceridade e pureza, refletidas nas músicas, não só de Adoniran, mas de seus contemporâneos. Não consigo admitir nossos fofuchos lá da escola repetindo bestialidades como se fosse algo mais natural do mundo, acho que estou ficando com o prazo de validade quase vencendo ...hehe!
Um beijão!!!

Janaína Siviero Ribeiro disse...

Oi, Marinês!

Que bom que conseguiste perceber que a escolha da música a ser trabalhada envolve questões racias, culturais, morais, etc.

A partir desse momento, podes escolher de forma mais crítica o que trabalhar com os teus alunos.

Um abraço,

Janaína